Resenha: Três Vezes Nós

Resenha publicada primeiramente no blog Estante Diagonal (19/11/2016)

Exatamente no dia do meu aniversário ano passado saiu a minha primeira resenha no Estante Diagonal. Hoje quero compartilhar ela com os leitores do PN. Conheça Três Vezes Nós, livro publicado pela Editora Novo Conceito.


Três Vezes Nós apresenta uma nova forma de leitura, onde as mesmas pessoas se entrelaçam de formas diferentes formando histórias diferentes, oferecendo ao leitor um jogo de sete erros. Você precisa ficar muito atento as diferenças e semelhanças em cada versão da história para acompanhar tudo. Parece um pouco complicado, mas não é. 

"A história começa assim" apresentando dois começos em 1938. Um prólogo sobre como Eva e Jim vieram ao mundo, os personagens principais. Também temos uma breve introdução sobre os pais dos personagens, que de certa forma tiveram muita influência nas pessoas que eles se tornaram ao longo da vida.

Eva é estudante de letras na Universidade de Cambridge, Inglaterra. Ela namora David Katz, um potencial astro dos palcos e do cinema. Seu grande sonho é ser escritora. Na outra ponta da história nós temos Jim. Ele é estudante de direito, mas a sua grande paixão é a pintura. No entanto, ele sofre a pressão da mãe que tem problemas de saúde para fazer o curso e se afastar o máximo possível de ser como o seu pai, um famoso pintor com seus esteriótipos. 

Nas três versões da história, os personagens partem desse ponto em suas vidas. As variações começam a partir do momento que Eva sofre um acidente de bicicleta no campus da universidade e Jim aparece na sua vida - ou não. É esse acontecimento que leva o desenrolar das histórias (no plural mesmo) até 2014, recheadas de traições, ambições, amor e arte.


Comecei lendo o livro esperando por uma presença muito forte de um romance avassalador, onde fatores externos implicassem em suas trajetórias ou até mesmo um romance água com açúcar que leva anos. Porém, ao meu ver, o amor deles é algo que tem a ver mais com uma espécie de conexão. Nada ligado a vidas passadas, apenas um amor que simplesmente deve acontecer e que de fato acontece em suas três versões. 

Para quem está acostumado com um ritmo narrativo mais acelerado pode ficar um pouco frustrado ao encarar esse tipo de leitura. A história é picotada não apenas por versões diferentes, como por anos diferentes. Acompanhamos a trajetória deles por quase 80 anos! Vemos eles aos poucos seguindo suas vidas: envelhecerem, terem filhos, netos, perderem entes queridos. 

Em muitos momentos, eu vi o livro mais como uma representação da vida do que do amor em si. Ao final de 380 páginas, eu levo essas três versões como uma lição de vida, uma representação dos nossos diversos "e se", uma amostra de que nem sempre as coisas são como imaginamos. Se não me engano, em certo ponto, Eva faz referência ao Mito da Caverna de Platão e questiona sobre vivermos olhando para sombras ao invés da realidade.


Apesar da capa leve e muito bem escolhida com essas linhas que se cruzam, a história é muito "cabeça". O foco não está apenas no romance entre eles, pelo contrário, muitas vezes suas trajetórias de vida aparecem em primeiro plano. Se for para comparar, eu diria que ele está bem próximo do Um Dia do David Nicholls. A única coisa que me incomodou é que eu estou mais acostumada a ler livros em primeira pessoa e isso fez com que eu sentisse uma distância desconfortável que livros narrados em terceira pessoa oferecem -  uma questão de gosto. No geral, eu fiquei muito surpresa com as reviravoltas das vidas (no plural mesmo).

2 comentários:

  1. Oi, Nina!
    Eu acho que terceira pessoa funciona mais numa fantasia e afins.. pra dar um olhar maior na história.
    Eu vi muitas resenhas positivas desse livro, mas ainda não bateu aqueeela vontade de ler, sabe? Mas está aqui anotadinho.
    Beijos
    Balaio de Babados

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    1. Então, Lu. Ele é um livro muito bom e muito bem pensado, mas não acho que ele tenha um plot muito inovador. Te entendo deixar anotadinho para o futuro <3

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