Eu sempre admirei muito a Thalita Rebouças, mas não li nada da autora durante a minha adolescência. Minhas escolhas literárias foram bem diferente do tipo de proposta que ela apresenta, eu parti para ler fantasias e pegava na biblioteca livros de suspense e aventura juvenis. Eis que li "Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática", primeiro livro da autora publicado pela Editora Arqueiro.
A proposta do livro parecia ótima e a Thalita tem um poder de convencimento muito forte somada a companha e trabalho editorial da Arqueiro impecáveis. Eu fiquei com muita vontade de conhecer ao menos um trabalho dela e mais especificamente esse.
De fato, ela faz jus aos 2 milhões de livros vendidos, que diga se de passagem não caíram do céu. Mesmo a autora firmando o seu nome no mercado editorial brasileiro, ela continua fazendo turnês pelo Brasil e tendo um contato bem próximo com seus fãs. O sucesso fez com que seus livros fossem adaptados para diversos formatos (filme, peças, etc). Sem contar que suas obras são realmente focadas para o seu público alvo: adolescentes.
No "Confissões de uma garota" nós temos Tetê. Uma menina que é excluída no colégio. Os pais estão passando por momentos de dificuldade e pensando em se separar. E para piorar, as coisas mudam na vida dela drasticamente quando os pais decidem passar a morar juntos com os avós e o bisô da Tetê em Copacabana até as coisas melhorarem. Bem longe da Barra, o novo bairro é bem diferente e o novo colégio também. Sem contar que agora ela está no ensino médio. Tetê terá a oportunidade de recomeçar e, finalmente, encontrar amigos. Mas isso não significa que não terá ninguém para pegar no seu pé.
O livro traz temas importantíssimos para os adolescentes: bullying, problemas em casa, namoro, primeiro beijo. Eu criei uma expectativa muuuito grande sobre como tudo isso seria abordado. Eu leio muito literatura jovem adulta (YA), mesmo aos 25 anos. E até agora todos os autores que li trabalharam com bastante profundidade nas temáticas propostas. Isso fez com que mesmo eu não sendo adolescente há um bom tempinho, eu consegui me identificar com as personagens. Mas não foi o que aconteceu com o livro da Thalita, infelizmente.
Em um vlog, eu falei por alto como é a história e o que eu achei. Mas basicamente para mim faltou aprofundar mais nessas temáticas. O pior mesmo foi encontrar um problema que ao meu ver é recorrente. Só não digo que é um padrão, porque não li todos os livros da Thalita. Parece que as personagens femininas criadas pela autora sempre tem problemas, como: não são boas para namorar, são egoístas, tem um arsenal completo de mil maneiras de como xingar a coleguinha, baixa autoestima total. Eu posso ter entendido errado, posso estar muito velha para entender alguns dramas adolescentes. Mas essas coisas me incomodaram bastante, porque não era uma personagem ou outra. Não era apenas a Tetê, a menina "um pouco" dramática. Todas! E fiquei muito triste de ver que o foco da transformação da personagem envolveu mais mudanças externas do que internas.
Quando comecei a ler "Confissões de um garoto" para o Estante Diagonal tive medo de encontrar esses problemas. Mas pensei que pelo foco ser no Davi, personagem masculino, eu estava salva.Só que mesmo assim as personagens femininas sempre pareceram "erradas" de algumas forma, principalmente, através dos olhos de outros personagens masculinos - mas também femininos. No entanto, a minha experiência com o livro do Davi foi bem diferente. Você pode conferir a resenha completa no Estante Diagonal.
Enfim, apesar da escrita maravilhosa da Thalita, muito precisa e rápida com toques de comédia muito bons que me fizeram rir em alguns momentos... Os pontos que levantei como ruins para mim, me fizeram me sentir muito mal durante a leitura. Principalmente porque eu não senti que a resolução dos problemas foi completamente satisfatória - mais uma vez faltou aprofundar.
No final das conta, eu terminei "Confissões de uma garota" entendendo o porquê dos adolescentes gostarem tanto da escrita da Thalita e a importância do seu sucesso para a abertura do mercado editorial nacional para outros livros com foco nesse público. Mas a falta de aprofundamento em temas chaves, pode afastar leitores que buscam o contrário. O que não é um problema de fato, já que cada livro tem um perfil de leitor.
Como eu já disse milhares de vezes, acho muito complicado dizer que um livro é ruim. Mas se for para categorizar, Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática não é ruim! Longe disso! Mas para o meu gosto pessoal, ele podia ter sido melhor. Acho que no final das contas, eu criei expectativas que não tinha nada a ver com o tipo de proposta de livros da Thalita. Isso acontece e é bem normal na verdade. A questão é saber separar as coisas e entender que cada leitor terá um tipo de experiência.
Oi, Nina!
ResponderExcluirPelo que vi das resenhas dos dois livros, muita gente preferiu o livro do Davi que da Tetê.
Nunca li nada da Thalita, mas até agora ainda não achei um que me despertasse o interesse.
Beijos
Balaio de Babados
Eu também não tinha até então. Sempre tive curiosidade, claro. Foi no encontro com ela promovido pela Arqueiro que fui convencida que era a hora de ler. Mas não deu nada certo com Confissões de um garota. No entanto, tive um agradável surpresa no livro do Davi. E se por acaso a curiosidade apertar em você, recomendo ele hehe
Excluirbeijos, Lu!
Oi, Nina! Que saudades de visitar seu blog *–* eu também nunca li nada da Thalita, apenas uns trechos de Ela disse, Ele disse e achei muito legal. Esses temas de livros nacionais de adolescentes (como a Thalita, Paula Pimenta) não me chamam muita atenção e nunca tive vontade de ler, apesar de admirar muito a Thalita! Uma amiga tem os livros de "Fazendo meu Filme" e quase todos setembro essa característica de 'garota com problemas, drama, etc'. Mas se um dia eu ler, espero gostar muito, pois não é ruim, apenas não meu estilo :)
ResponderExcluirXoXo
https://ldesaturno.blogspot.com.br
Também estava de você, Lívia. Eu ando tão enrolada que também não tenho tido muito tempo para passar o L. Eu também compartilho dessa admiração por elas e pelo público que conquistaram. O importante é saber separar o que é bom/ruim do que não faz o nosso estilo, né? Obrigada por passar por aqui <3
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