Sempre participei da Bienal do Rio como leitora, desde que me lembro por gente. Ela sempre foi um programa familiar, onde nos divertíamos escolhendo livros novos para "o ano todo" mas que, normalmente, eu acabava de ler em uma ou duas semanas - para desespero de meus pais que já tinham que me ouvir pedir mais livros.
Da mesma forma, eu sempre soube que queria ser escritora - desde que me lembro por gente. Invento histórias desde criança e ter um livro publicado sempre foi um grande sonho distante. Participar da Bienal como autora parecia um sonho improvável e impossível, mas eu continuava sonhando mesmo assim.
Até que aconteceu. E foi uma das coisas mais loucas e mais incríveis da minha vida.
A primeira edição do meu livro saiu em Maio de 2015, por uma editora de São Paulo. Eu achava que, por causa disso, minha participação na Bienal estaria garantida. Só que não só a editora não foi para Bienal como eu também me vi obrigada a contrair uma dívida e comprar os 300 livros da tiragem por um preço absurdo de mais de 5 mil reais. O sonho da publicação já estava virando pesadelo, mas eu enfiei os livros embaixo do braço e fui mesmo assim.
Consegui um espaço em uma editora de pequeno porte, que estava vendendo espaço em seu estande para participação de autores de fora da editora. Juntei minhas moedinhas e dividi o espaço com mais duas autoras amigas que admiro muito, desde aquela época. Talvez vocês já tenham ouvido falar... Uma tal de Aimee Oliveira e a outra se chama Bruna Fontes. Juntei todas os meus sonhos e esperanças em uma mala e fui carregando tudo na cara e na coragem para São Paulo.
Eu não tenho recordações exatas do que aconteceu - talvez o relato da Aimee sobre os acontecimentos reais seja melhor do que o meu, mas eu tenho bastante certeza que comecei a chorar no momento que entrei pelas enormes portas do pavilhão. Lembrei de todas as vezes que já tinha passado por portas parecidas no Rio de Janeiro e por tudo que tinha sonhado até ali - e que agora estava se tornando real! Real!!!
Mas voltemos à realidade, amigos. Meu livro lançou em Maio de 2014 e a Bienal foi em Agosto de 2014. Entre Maio e Agosto participei de alguns eventos literários no Rio de Janeiro, mas nenhum foi tão grande quanto a Bienal. Eu ainda não fazia ideia do que fazer quando cheguei no estande, vi meus livros e peguei meus marcadores. Fiquei lá olhando com cara de tacho, sem saber como vender aqueles livros para aquele mundaréu de gente que passava de um lado para o outro. Tímida como sou, faltava ter um ataque de siricutico toda vez que ia abordar alguém para (tentar) apresentar minha história. Nesse sentido, o relato que a Aimee fez aqui para o Psicose foi super útil com dicas sobre o que aprendemos nessas 5 Bienais.
Acho que dá para dizer que fui aprendendo na prática. Na tentativa e no erro. Fortalecendo minha fé em mim mesma e tentando superar minhas próprias dificuldades e as adversidades da vida. Eu não tinha a menor ideia do que estava fazendo na minha primeira Bienal e, sinceramente, às vezes continuo com a mesma sensação de que estou perdida. Às vezes a síndrome do impostor bate forte e eu me sinto um patinho no meio dos cisnes. Mas continuo tentando camuflar. Por enquanto são cinco anos conseguindo com sucesso.
E para quem ficou preocupado: a dívida dos 5 mil reais já consegui pagar. As outras dívidas que fiz por conta dos livros continuam por aí. Por isso, comprem a nova edição de Mocassins e All Stars para que eu consiga pagar os boletos! Na Bienal desse ano vou lançar uma nova edição super especial comemorando os 10 anos (help!) que eu comecei a escrever a história.
Me encontrem por lá!
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