Isso não é para mim

Nunca deixe que alguém faça você achar que algo não é para você, principalmente, se esse alguém for você. Não é fácil tampar os ouvidos para todas as nossas inseguranças. Sei por experiência própria. Mas as vezes é preciso colocar a música no máximo e tentar seguir em frente, ao invés de simplesmente desistir. 

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Em 2015, eu terminei uma graduação que é basicamente da área acadêmica (não que não existam sociólogos e antropólogos fora da acadêmia e instituições de pesquisa) achando que aquele não era o meu lugar, que eu não era inteligente o suficiente. E, isso para mim foi um momento muito difícil. Eu me comparava muito com as pessoas (e, infelizmente, me sentia sempre muito inferior). 

Então, eu simplesmente desisti. 

O pior é que eu nem sabia dizer se era realmente aquilo que eu queria, porque eu tinha tanta insegurança em relação a minha capacidade, que eu nem tinha coragem de admitir que aquilo era o que eu queria (olha que loucura!).

Fiquei dois anos mandando currículo para vagas que não tinham nada a ver com o meu perfil, coisas que eu sabia que conseguiria fazer de alguma, porque estaria na minha zona de conforto. Tentei uma outra faculdade, que até gostei, mas que não me desafiava de verdade. Até mudei de cidade por um mês, o que de certa forma reforçou ainda mais que eu não era boa para nada e, pior ainda, em lugar nenhum (risos de nervoso). Durante esse tempo, eu acompanhei os editais de mestrado de alguns programas, baixei os PDFs da bibliografia, mas aquela vozinha ainda ficava sussurrando no meu ouvido "isso não é para mim". 


Não sei se foi o destino ou o que, mas algumas pessoas próximas começaram a me cutucar. Uma especialização brotou na minha frente enquanto pesquisava sobre cursos que eu poderia fazer onde estava trabalhando nesse ano e resolvi tentar. O processo seletivo foi muito parecido com o que acontece num mestrado, teve carta de intenção, prova e entrevista com a banca. Para minha surpresa, eu passei. No curso, eu conheci professores de referência em suas áreas, muitos estudaram nos programas de pós-graduação que eu já estava flertando nesses últimos anos. 


Em determinado momento, eu pensei que seria uma boa ideia pelos tentar esse ano. Coloquei na minha cabeça que seria uma experiência para quebrar o gelo (mais uma vez não acreditando na minha capacidade) e que ano que vem eu poderia tentar de verdade, mais segura. Eu decidi tentar dois, um na minha zona de conforto e outro de uma instituição que eu almejava desde a minha graduação (quando pensei em mudar de curso, mas não mudei. Nem preciso falar o porquê não mudei, né). Sabe o que aconteceu? Eu fui passando em cada fase, uma por uma, um passo de cada vez e eu passei Naquela (com N maiúsculo mesmo).


Racionalmente, eu sei que esse é mais do que um sinal de que "isso é para mim, sim!". Mas olha com o que eu estou tendo que trabalhar agora: essa instituição é a maior referência nessa área no país! Foram mais de 200 candidatos para 12 vagas e (apesar da classificação final não ter saído) é muito provável que eu esteja entre os 10 primeiros (não que faça muita diferença, mas faz para quem achou ia passar raspando, de cagada, sabe); mas apesar disso tudo, a vozinha continua ali e eu acho que não vou ter capacidade, que vou decepcionar o meu possível orientador(a) - que ainda nem sei quem é (HELP). 

Ainda tem grandes chances de eu passar no outro programa que seria a minha zona de conforto. Então, tem sido um esforço muito grande silenciar as vozes na minha cabeça que tentam me boicotar, que não me deixam dizer em voz alta o que eu realmente quero, porque se eu quero é porque é para mim, sim! 

Esse texto mais uma vez foi mais um desabafo-lembrete para mim. Mas se você se identificou, segura aqui a minha mão e vamos seguir em frente juntas. Tenho certeza que você nunca diria para uma amiga (ou para mim) que algo não é para ela. Vamos firmar um pacto com nós mesmas e sermos mais gentis com a gente também 💜
  

2 comentários:

  1. Dani, eu entendo tanto seus sentimentos e acompanhei de perto essa reta final jornada que parece que senti tudo isso contigo! É muito bom ver tuas conquistas
    No ano passado eu ouvi de mim mesma que não conseguiria ficar no Mestrado, o que de fato aconteceu, mas acho que minha insegurança bateu antes, quando eu achei que era "obrigatório" fazê-lo numa área que não é a da minha atuação profissional, só porque tina um título "mais importante" do que na área de Educação...
    Enfim, aos poucos temos que nos conhecer e nos apoiar, e sei que não estamos sós, temos uma a outra ��

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    1. É muito difícil separar o que é algo que a gente realmente quer do que "o que a sociedade espera da gente"/pressões da vida. Mas sempre é bom ter amigas com que conversar para saber separar o que é o que ❤

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