Jardim Feminista: O que queremos ser quando crescer?

Não sei se sou tão diferentona assim em relação ao que vou falar, mas eu sempre tento lembrar o que o meu eu criança gostaria de ser quando crescesse. Com certeza, cientista social não era uma opção naquela época (rs). O pouco que lembro da minha trajetória de escolhas envolveu referências a minha volta. Coisas que eu via as pessoas fazerem, principalmente, mulheres. Afinal, eu seria uma quando crescesse.

Arista: Maya Hayuk - fonte.

A primeira pretensão de profissão que me acompanhou por muito tempo foi ser professora. Acredito que 90% dxs professorxs que eu tive eram mulheres. Brinquei muito de professora e levei muito a sério todos os meus alunos imaginários. Sempre tive muita admiração por essa profissão e ainda não a descarto como opção. 

Aos poucos a História e as redações começaram a despertar paixões maiores em mim. Apesar de ainda as professoras serem a minha única referência como mulher-profissional. Inclusive, 90 e muitos porcentos dos livros paradidáticos que eu li não foram escritos por mulheres. E nem lembro disso sendo ser discutido por qualquer professora que tive.

Em algum momento, enquanto lia minhas Revistas Recreio, eu quis ser arqueóloga. Mas parecia algo tão "Indiana Jones", mas tinha uma personagem mulher nas histórias que lia. Por que não? Já na sétima série, o jornalismo surgiu como uma possibilidade. Mas não que tivesse na época uma grande referência, apenas me senti incentiva por alguns projetos da escola, lia algumas crônicas da Martha Medeiros e pelo meu amor por blogar.

Passei o ensino médio inteiro pensando em comunicação social ou "algo que fosse possível passar na vestibular que talvez eu curtisse". Juntei uma paixonite passada com arqueologia e vi na antropologia algo menos "Indiana Jones".

Na faculdade, continuei com minhas referências femininas de professorxs. Mas bem menor do que nos outros anos de estudo. Quase não li sobre pesquisadoras, cientistas, pensadoras mulheres. Nessa fase da minha vida, eu já era macaca velha o suficiente para ir atrás das minhas próprias referências, mas não fui. Perdi uma oportunidade de fazer o mestrado e simplesmente desisti. Peguei essa falha como "isso não sendo algo para mim".

Esses dias eu assisti um vídeo da Microsoft em homenagem ao Dia das Mulheres desse ano. Eles questionaram algumas meninas sobre o que elas gostariam de ser e quais inventoras mulheres elas conheciam.


A minha grande questão nesse texto todo é em partes lamentar o fato da minha trajetória escolar não ter tido qualquer discussão sobre gênero, mas por sorte minha consciência está despertando para essa problemática. E para reafirmar a questão das referências que nós meninas poderíamos ter durante a nossa vida escolar, mas somos bombardeadas por "homens e suas profissões" como sendo grandes transformadores do mundo, enquanto as mulheres "muitos nadas".

Fico pensando como teriam sido as minhas escolhas se desde pequena xs minhxs professorxs não só falassem "você pode ser o que quiser", mas me mostrassem que eu poderia ir muito além das expectativas.

[A imagem desse post é uma foto de uma obra da grafiteira Maya Hayuk. No site, onde fiquei conhecendo a artista, diz que ela não aceita exibir suas obras em galerias que tenham menos 10% de arte feita por mulheres em exibição.] 

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