Sobre a vida, flores e o que aconteceu nesses seis meses

Eu poderia simplesmente dizer que "muitas coisas aconteceram" e seguir o baile. Mas acredito que muito do conteúdo que será produzido daqui para frente tem ligação com essas "coisas". O difícil é saber por onde começar, porque essas "coisas" envolvem esferas tão diferentes da vida, porém, de alguma forma, todas elas contribuíram para esse meu "novo" olhar.

Vou começar por um cenário mais macro (e quem sabe tomo coragem de chegar no micro). 

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Gente, o que está acontecendo no mundo? Sabe quando a gente olhava para alguns fatos históricos e ficava se perguntando "karaio, como deixaram isso acontecer?". As vezes eu sinto que fomos sugados para uma realidade paralela muito bizarra. E no meio disso tudo, o sentimento de que qualquer "coisa" pode ser destruída em um segundo, por mais que tenha levado anos de luta para se consolidar, me pegou com muita força - tipo, o estalar de dedos do Thanos. O pior de tudo, quando eu olho para trás (desde o período eleitoral, do golpe...), eu vejo o quanto minha esperança foi morrendo. Cada mês, cada notícia foi matando qualquer perspectiva que tinha em relação ao meu país (e ao mundo!). 

Toda essa confusão (todo esse sistema capitalista escroto) também começou a afetar diretamente esferas pessoais. Fiquei alguns meses sem emprego e as coisas em casa passaram a não ir tão bem (continuam). E essa é uma situação muito louca, porque no fundo eu tenho total consciência de que eu não sou culpada e que para a única coisa que não tem jeito é a morte. Mas a falta de dinheiro dá uma sensação de impotência tão grande - é foda.  

Vivi o primeiro semestre, basicamente, de expectativas que foram se quebrando mês a mês. A mais cruel foi não ter conseguido a bolsa do mestrado. O mestrado foi uma aposta que fiz no ano passado tendo como perspectiva uma renda garantida por dois anos - tendo consciência que o trabalho que eu estava ano passado era temporário. Aliás, iniciar o mestrado no contexto atual de cortes e falta de valorização da educação no Brasil tem sido uma verdadeira prova de fogo. O mestrado em si já é muito estressante e envolve uma série de expectativas (internas e externas) que mexem com a nossa cabeça (um dia falo melhor sobre isso).

Também foi um semestre que me vi abrindo mão de mim e investindo (altamente) num relacionamento que já não estava indo tão bem - para ambas as partes. Me vi machucando o outro e me deixando ser machucada. Hoje eu consigo olhar para isso e ver o quanto a gente precisa tomar cuidado para não se apegar ao que um relacionamento já foi um dia, principalmente, quando a "fase ruim" parece nunca passar. O mais triste dessa parte foi ter perdido um amigo, mas meio que eu sabia que essa consequência estava nas entrelinhas desde que o relacionamento tinha começado. No meio disso tudo - para não dizer que não vejo o lado bom nas coisas - é que aprendi que as pessoas mudam e suas expectativas também, nem sempre o relacionamento acompanha essas mudanças e está tudo bem. 

No meio disso tudo, eu parei de ler, parei de blogar, deixei as crises de ansiedade e depressivas preencherem esses espaços. Foram seis meses de mais baixos do que altos, para ser sincera. Comecei a fazer uma limpa no meu Instagram e fechei minhas redes sociais (mas tiveram outros motivos que vou explicar em outro post). 

Foram seis meses meio doidos e não estou compartilhando essas situações para sentirem pena de mim ou para justificar a ausência no blog, eu só precisava fazer um balanço e colocar para fora - e, desde os 13 anos, essa é a melhor forma que encontrei para lidar com essas coisas: blogando. Fazer esse balanço de "coisas ruins" me fez pensar numa frase que a minha mãe me disse em algum momento nesses meses: "você achou que a vida seria só flores?". Parece meio cruel, mas é isso. É muito foda sofrer (quem gosta?), mas sofrer faz parte da vida (até certo grau, claro) e precisamos ter consciência que essa busca pela felicidade constante e infinita é ilusória. 

No entanto, a vida também é flores. Eu não posso deixar que esses momentos tristes me façam esquecer das conquistas e alegrias que envolveram esse semestre. Eu defendi meu projeto e tirei nota máxima na pós em Comunicação e Saúde e estou no "melhor" programa de mestrado de Comunicação do Brasil (mesmo que a minha síndrome de impostora sempre tente minimizar essas conquistas). Voltei para o trabalho (o que não significa que as coisas estão melhores, mas poderiam estar pior rs) e mesmo estando na mesma situação de "temporária", ainda assim, foi uma notícia boa que aconteceu ainda no primeiro semestre.  

Não acho que sejam méritos meus, mas fico muito feliz de ter contribuído de alguma forma para realização de sonhos dos meus amigos. Vê-los caminhando e seguindo seus sonhos é muito mais gratificante do que qualquer conquista minha, de verdade. Inclusive, eles se tornam grandes inspirações para mim e me dão forças para continuar indo atrás dos meus sonhos (mesmo que eu não saiba exatamente quais são). 

Por fim, acho muito importante deixar registrado nesse post (de recomeço) que a melhor coisa que aconteceu em 2019.1 foi Caio (esse assunto merece um post só dele).   

Declaro o PN reaberto novamente. 

2 comentários:

  1. Yay! Esse início de ano foi muito esquisito e difícil. Brinco com o pessoal da faculdade que normalmente nós estamos mortos no segundo semestre e esse ano o primeiro foi com essa sensação já. Mas quem sabe só inverteram a ordem e agora vai suavizar? Resta ter esperança e com um passo de cada vez aprendendo todo dia ❤️
    É muito bom ver você de volta e com tantos aprendizados. Toca o barco, Danina!

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  2. Ai Nina, tenho que confessar que esse primeiro semestre também foi como tomar um banho de nas corredeiras, água gelada, não tem controle da intensidade, não consegue ficar em pé e quando consegue leva altos capotes. Nessas férias estou tentando me reconectar com aquilo que amo também, recuperando minha sanidade mental e tentando não criar expectativas com relação ao ano que vem, já que esse é o meu último ano na faculdade.

    Bom ter você de volta.

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