Eu falei que o blog seria mais pessoal, não é mesmo? Então, aqui estou trazendo algo que não sai da minha cabeça nos últimos dias e que quero conversar com você. Não paro de ver e ouvir notícias sobre livrarias fechando, demissões em editoras e como o mercado editorial brasileiro está entrando em ruína. Além de obviamente despertarem um sentimento de desespero (do que tipo, que esse provavelmente poderia ser um bom plot para o início de uma distopia daquelas que você perde qualquer esperança na humanidade), essas notícias também fazem crescer a vontade de fazer algo - nem que seja questionar ou pensar sobre tudo isso.
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Eu tenho lido diversas opiniões e estratégias para tentar salvar livrarias, editoras e autores. Apesar de ainda não ser uma estudiosa da área, eu tenho quase certeza que o problema não está na falta de leitores. Não acho que pessoas leiam menos do que alguns anos atrás (mas isso é só um "achísmo"). O que me incomoda de verdade são os discursos que parecem culpar as pessoas por não lerem ou por não comprarem livros, achando que essa é única fonte de conhecimento, a única forma das pessoas entenderem o mundo, sem considerar nenhum contexto. Pior, ainda tem gente que classifica os "não-leitores" como pessoas: burras, ignorantes e superficiais. Não acho que é bem por aí.
Ao invés de olhar para a ponta da cadeia de consumo do mercado editorial, por que não olhar para o processo e para quem está produzindo? Sou mais do time que está questionando a falta de inovação do mercado, a falta de diálogo com as pessoas para entender os motivos pelos quais elas estão escolhendo outra formas de obter informação e entretenimento, ao invés de cair no reducionismo da "ignorância". Já vejo alguns autores inovando, se adaptando e buscando novas formas de atrair e manter seus leitores, mas o que as editoras e livrarias tem feito, sabe? As vezes me parece que muito pouco, sempre jogando em cima dos autores e leitores a responsabilidade pela crise. Do tipo, "olha, vocês não estão comprando meus livros, então, estamos falindo por sua culpa! Então, compre nossos livros!".
Você já parou para buscar na internet quantos cursos de produção editorial ou de editoração existem no Brasil? Quantos pesquisadores e estudantes estão trabalhando com algo relacionado especificamente do mercado editorial? Fica aqui um spoiler de quem está desenvolvendo um projeto envolvendo o mercado editorial e, acredite, você vai passar mais tempo tentando achar algo do que encontrando. Agora vem mais um achismo, o quanto as editoras estão em diálogo com esse tipo de conhecimento ou incentivando essas produções científicas? Se por acaso, elas acham que isso não cabe a elas, o quanto elas estão se unindo para cobrar de quem elas acham que precisa incentivar isso? Talvez elas estejam fazendo mais do que eu realmente saiba, mas é um sentimento que eu tenho.
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Apesar de não achar que seja a solução, eu confesso que gostei bastante da campanha que estimula as pessoas a comprarem os livros em livraria físicas das suas cidades e compartilharem nas redes sociais usando a hashtag #DesafiodasLivrarias.
Eu estou pensando em aderir já planejando quando vou e em qual livraria ir. De cabeça, eu sei que no meu bairro tem quatro livrarias (olha que privilégio!) e talvez eu dê preferência para a menor delas. Diversas vezes que passo na frente penso "caramba, e se um dia a Eldorado fechar?". Essa campanha e toda a crise me fez pensar também no quanto eu realmente faço para divulgar e consumir nela?
Por mais que eu realmente ache que a culpa não é nossa - que existe uma questão cultural, contextual e de responsabilidade do governo, editorias e livrarias -, eu também acho que dá para ajudar de alguma forma (meio esquizofrênico isso né?). Sabe aquela história de que todo mundo precisa fazer a sua parte? Meio que isso...
Enfim, só sei que para o mal ou para o bem, essa crise está fazendo o mercado editorial sair da inércia, está promovendo debates e a circulação de ideias. E por mais que eu tenha uma lado que esteja sofrendo com tudo isso, também tenho um lado esperançoso que vê em toda essa situação a possibilidade de renovação.
Enfim, só sei que para o mal ou para o bem, essa crise está fazendo o mercado editorial sair da inércia, está promovendo debates e a circulação de ideias. E por mais que eu tenha uma lado que esteja sofrendo com tudo isso, também tenho um lado esperançoso que vê em toda essa situação a possibilidade de renovação.
Durante a escrita desse texto, eu lembrei de algumas histórias envolvendo livros e livrarias ao longo da minha vida. Estou pensando em compartilhar aqui no blog, o que você acha? Aliás, me diz o que você acha disso tudo que escrevi! Eu não sei se fui clara, mas é justamente porque não tenho nenhuma certeza. Então, eu queria muito ouvir mais opiniões sobre o que outras pessoas estão achando sobre o que está acontecendo.
Só para fechar, já que disse que andei lendo coisas sobre isso tudo, eu quero indicar o perfil da Carina, editora da Editora Valentina, no Medium. Ela vira-e-mexe traz umas reflexos legais sobre o mercado editorial. Vale a pena acompanhar!
Na minha opinião há um conjunto de fatores para esta crise, incluindo a própria situação financeira do país. Há também a internet e a Amazon que conquistou mais espaço por ter preços mais acessíveis. Mas é claro que não é só isso. Infelizmente cada vez mais as pessoas se interessam por informações vagas e sem profundidade, como as correntes do zap ou posts nas redes sociais.
ResponderExcluirÉ difícil mudar esse cenário tendo em vista que o Brasil tem um dos piores ensinos públicos do mundo.
Para melhorar a situação de verdade seria necessário um esforço coletivo em todas as partes da sociedade....
Exatamente. É um esforço conjunto!
ExcluirConcordo plenamente com você, infelizmente essa situação foi uma consequência de atitudes tomadas há tempos, espero que consigam se restabelecer!
ResponderExcluirhttp://www.submersaempalavras.com/
Estamos todas na torcida e continuaremos a fazer nossa parte! <3
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