Ao longo de sua trajetória, delimitada por um específico ponto temporal, uma interligação infinita de elementos e eventos permitiu que a humanidade fosse capaz de desvendar os segredos e poder contidos em uma imagem. Sua história, mensagens, medos e encantamento eram transmitidos por ilustrações, desenhos que se formavam em suas mentes, nas paredes de uma caverna, no solo fértil em que viriam a descobrir os mistérios do universo. Esse contexto de imagens e misticismo transforma-se quando, essa mesma humanidade, encontra-se frente a frente com o único e expansivo universo das palavras.
O surgimento das palavras, da escrita, da possibilidade de transmitir conhecimento, sentimento e significado por meio da bela relação de versos, expressões, sonetos, textos e, mais tarde, adoráveis livros, lança a humanidade para um novo mundo, escondido, durante todo o tempo, nos pequenos detalhes de sua essência.
Ao voltar os olhos para o passado, para o universo de possibilidades que se estende no horizonte de quem somos ou seremos capazes de nos tornar, passei a perceber e acreditar na pura magia das palavras, no poder de uma frase, na riqueza de um texto, nas lições e encantamento de uma história. Embora muitos não compreendam, ainda que considerem um erro depositar tamanho poder em meras palavras, todos sofremos ao ouvir uma frase cruel, derramamos lágrimas por conta de textos profundos, recheados de tristeza, sorrimos com maravilhosas notícias e torcemos por personagens em suas incríveis aventuras.
Embora a verdadeira magia do passado mantenha uma distância segura daquilo em que nos transformamos, continuo defendendo o poder das palavras, das mensagens e possibilidades de histórias e sei que, em meio ao caos de uma sociedade em decadência, uma legião estende-se ao meu lado. É em meio a esta legião, na crença do poder e magia das palavras, na certeza de que histórias, não importando sua forma, estilo ou gênero, escondem em si as possibilidades, mensagens e lições para construção de futuro melhor, que uma única palavra ganha destaque, porém, cujo significado apresenta o tamanho e forma do infinito, é graças a uma pequena palavra conhecida por Bienal, que os apaixonados por histórias encontram a chance de manter vivo e propagar esses mundos tão preciosos!
Por trás da união, encantamento e diversidade existentes ao longo de uma única edição da Bienal, estabelecem-se, também, uma vasta gama de significados, sentimentos conflitantes, lembranças queridas, amizades construídas. Trata-se do friozinho na barriga ao acomodar-se na poltrona em sua primeira viagem de avião, da surpresa ao perceber a extensão do pavilhão onde o evento acontece, da felicidade ao encontrar um mundo de histórias diante de seus olhos, da decepção ao não encontrar seu autor preferido na lista de escritores convidados, da tristeza ao ver seus planos frustrados e ver-se impossibilitado de comparecer a este evento mágico. Trata-se, verdadeiramente, de uma imensidão de sentimentos, significados, histórias que se cruzam e transformam uma única palavra em todo um universo.
Caso me fosse necessário escolher apenas uma palavra para atribuir significado à complexidade de uma Bienal, não hesitaria ao mencionar imensidão. Em meio a diversas histórias, palavras, indivíduos e magia encontramos uma imensidão de sentimentos, contextos, narrativas únicas e maravilhosas, de pessoas que, em seu amor e encantamento pelas palavras, não poderiam deixar de comemorar, juntas, esse universo fantástico. Assim, não importa se está em sua décima, quinta ou primeira Bienal, apenas sinta a imensidão de universos colidindo, a magia em sua forma mais pura, e, com todo seu coração, ouse dividir esse encantamento com aqueles que estão a sua volta!
Ryoko Bel
Formada em Arquitetura e Urbanismo, acredita e defende que a formação inicial não deve, de maneira alguma, determinar os rumos da vida de qualquer pessoa. É pesquisadora de literatura de ficção científica e distopia, e gosta de se auto denominar em especialista acerca dos gêneros. Atualmente é discente do curso de Mestrado em Educação e Novas Tecnologias. Criadora, idealista e sonhadora do Hear the Bells e colunista do Estante Diagonal. Vive implicando com erros de editoras e box de assinaturas, odeia encontrar obras classificadas no gênero errado e ama discutir detalhes e características dos livros que leu.
Eu voto para que a Bel invista na escrita e faça um livro! Lindo texto *-*
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