A primeira vez que ouvi falar desse livro foi no canal de minha booktuber favorita Ariel Bissett. Ela faz umas reviews/resenhas rapidinhas falando sobre vários livros que ela está lendo e vai ler. O The Hate U Give estava na nessa listinha e ela falou algo sobre estar lendo mega rápido e fez um resuminho do que se tratava. A única coisa que consegui pensar na hora foi "Eu preciso desse livro!".
Starr é uma jovem que não se sente muito a vontade com os jovens da sua idade em seu bairro, já que desde dos 10 anos, ela estuda em um colégio particular em outro bairro. Mesmo assim, ela resolve atender aos pedidos das sua única amiga na vizinhança para ir a uma festa. Na volta para casa, ela consegue uma carona de um amigo com quem ela conviveu por muito tempo quando mais nova, mas já tinha tanto contato. No meio do caminho, eles são parados por um policial e Khalil acaba morto na frente de Starr. Ela passa a ser a única testemunha, além do policial. Uma coisa a Starr tinha certeza, Khalil não fez nada para levar aquele tiro. O livro é muito sobre como Starr irá lidar com o fato de ser a única testemunha desse caso, mas também é sobre muitas outras coisas.
The Hate U Give é um livro super atual que propõem trazer a discussão dos confrontos entre policiais e os negros no sul dos Estados Unidos nesses últimos anos. Angie Thomas teve uma ideia brilhante em construir a história através do ponto de vista de uma adolescente que transita entre um bairro privilegiado e a sua vizinhança problemática. O livro é recheado de referências a grandes líderes e movimentos de luta pelos direitos dos negros no país. Apesar do foco serem os movimentos como Black Lives Matter, que surgiu depois de diversas mortes de negros em abordagem policiais (se eu não estou enganada, por favor, me corrijam caso contrário nos comentários), fica claro a importância dos Panteras Negras e Mr. King na trajetória da população negra americana, principalmente, das pessoas mais velhas. Eu recomendo fortemente o documentário da Netflix (que concorreu ao Oscar desse ano, por sinal) A 13ª Emenda que apesar de focar no sistema carcerário americano, fala bastante sobre a luta dos negros na terra do Tio Sam.
Apesar de retratar uma realidade vivida nos Estados Unidos, eu acho livro muito pertinente para realidade brasileira. Angie Thomas além de abordar toda essa questão dos homicídios de jovens negros (não consigo dar outro nome) em abordagens policiais - o que vamos combinar também acontece muito aqui -, ela fala sobre a vulnerabilidade desses jovens ao viverem em periferias dominadas pelo crime. Além da estigmatização de toda uma parcela da população que vive nessas áreas de vulnerabilidade e que normalmente são negras.
A questão sobre como a mídia trata toda essa situação também é muito importante. Mesmo o garoto não estão armado, mesmo não conhecendo o histórico dele, existe toda uma manobra de jogos de linguagem e estratégias sensacionalistas para convencer que de alguma forma ele merecia ser morto. Starr luta a todo momento contra isso e busca forças para dar voz a verdade.
Achei incrível como a autora trabalhou a insegurança da personagem por pertencer a dois mundos. A Starr se questiona muito durante o livro sobre como deve se comportar em cada situação, como deve falar na sua vizinhança e como deve agir na escola. Ela tem um medo enorme que as pessoas da escola a julguem (estigmatizem) por ser/ter determinada atitude do "guetto". E por passar tantas horas nessa escola chique que fica a mais de quarenta minutos do seu bairro, ela também acabou perdendo a ligação com os jovens da sua idade onde ela mora sendo mais popularmente conhecida como a "a filha do Big Mav que ajuda no mercadinho".
Relacionamentos inter-raciais também é tema no livro - sério, melhor livro da vida, super completo, todos deveriam ler! Angie Thomas trata com muito bom humor, mas trazendo questões importantes sobre as expectativas que se tem sobre relacionamentos entre negros e brancos.
O título do livro por sinal faz referência ao ideal "T.H.U.G.L.I.F.E." (The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody/O ódio que você dá aos pequenos fode todo mundo) do Tupac. Ele não foi apenas um rapper, mas um ativista a sua maneira e é a principal referência de todo o livro. Em uma entrevista, Angie Thomas disse que "é uma metáfora sobre crianças que crescem em circunstâncias ruins, mas eles ainda são rosas. Então, eu tentei fazer da Starr e do Seven, todas as crianças no livro, as rosas no concreto. Existem crianças que crescem em circunstâncias e situações ruins, mas eles continuam rosas, eles continuam bons e eles continuam brilhando".
Eu estou muito feliz com essa nova leva de YA (Young Adult - romances juvenis), porque eles estão transcendendo todas as barreiras da idade. Acho incrível como esses livros podem servir tanto para os jovens se identificarem com os personagens e seus problemas da idade, como também explica para todo mundo de todas as idades alguns problemas maiores que envolve toda a nossa sociedade.
Ainda não entendi muito bem qual editora brasileira comprou os direitos, mas não vejo a hora desse livro chegar nas mãos de mais leitores brasileiros. Angie Thomas é maravilhosa! Ela tem um pijama do Batman e faz instastories maravilhosos! Além de ser fã declarada do Harry Potter e ter feito diversas citações a obra da JK Rowling no seu livro. Se você está em dúvida sobre o nível de inglês para ler esse livro, eu tenho nível intermediário e posso dizer que a maior dificuldade talvez seja no começo para você se acostumar com os slangs/gírias. Mas depois a leitura flui que é uma beleza!
Ainda não entendi muito bem qual editora brasileira comprou os direitos, mas não vejo a hora desse livro chegar nas mãos de mais leitores brasileiros. Angie Thomas é maravilhosa! Ela tem um pijama do Batman e faz instastories maravilhosos! Além de ser fã declarada do Harry Potter e ter feito diversas citações a obra da JK Rowling no seu livro. Se você está em dúvida sobre o nível de inglês para ler esse livro, eu tenho nível intermediário e posso dizer que a maior dificuldade talvez seja no começo para você se acostumar com os slangs/gírias. Mas depois a leitura flui que é uma beleza!
O livro é recheado de temas importantíssimos e pertinentes para nossa realidade como sociedade. Mesmo que a nossa realidade não seja a mesma da Starr, assim como, a realidade da Sttar não é exatamente igual dos seus amigos que vivem nas piores circunstâncias que o seu bairro pode oferecer, ler esse livro é tomar consciência dessa realidade e ter esse tipo de conhecimento é o que nos traz a famosa empatia.
Oi, Nina!
ResponderExcluirEstou de olho nesse livro desde que ele saiu na gringa. Adorei ler sua resenha e saber que você adorou. Quando eu ler, vou trocar figurinhas com você haahhaha
Beijos
Balaio de Babados
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E eu que te sugeri e você já tinha sugerido no seu blog? ahaha Você vai adorar! Ansiosa para trocarmos figurinhas <3
Excluirbeijos, Lu!
Minina tô com 15489833435468 de livros pra ler.
ResponderExcluirMas vou esperar ansiosa, tô na vibe realista e com questões sociais atualmente.
Quero ler!
Se você está nessa vibe, com certeza, esse é o livro certo! A Galera Record já divulgou a capa e então acredito que no próximo semestre já deve ter a versão em português. Se você ler depois me fala o que achou!
Excluirbeijos, Lea!