Às vezes a gente só precisa escrever. Colocar umas palavras para fora, seja correndo os dedos pelo teclado ou a caneta pelo papel. Colocar para fora. Muitas vezes frases sem sentido, escritas só para serem tiradas do peito ou em uma noite de embriaguez.
Escrever é feito de casca e pérola, já dizia Manoel de Barros. Mas também é feito de sonhos e desilusões. De esperanças e decepções. De suor e lágrimas. De inspiração e de trabalho. De desânimo e euforia. De medos e conquistas. Escrever é feito de palavras, mas também de coração.
O que eu queria dizer, o que quero dizer e o que vou dizer é que para escrever só precisa escrever. Colocar para fora. Cuspir verbos, substantivos, adjetivos na forma que você quiser. Eu chamo isso de verborragia, mas acho que é porque ouvi alguém usar esse termo alguma vez (para definir outra coisa, mas eu achei que definia bem esse sentimento de vomitar palavras, sabe? Colocar para fora, deixar o cérebro trabalhar e não pensar muito - só escrever). Não precisa ter motivo para escrever, além de sua simples vontade.
A gente vive num mundo que adora reclamar, questionar e deslegitimar as nossas ações ou nossos sonhos. Um mundo no qual a literatura tem que ser culta, não pode ser clichê, tem que ser inovadora, fora da caixa e tem que seguir normas e padrões de bostejadores de regras que querem enfiar todo mundo em quadradinhos e fazer com que as obras literárias sigam parâmetros pré-definidos.
Eu estou aqui hoje para te falar que a sua literatura pode ser o que você quiser.
Libertador, hein? Para mim é.
Escrever, meu bem, é feito de casca e pérola.
Não é feito de padrão e regra.
Você é livre para escrever sobre o que quiser, para o que quiser e, inclusive, para fim nenhum. Você é livre para jogar seus textos para fora de você, se sentir mais leve e até para compartilhá-los com o mundo.
E se você só sente esse impeto de escrever, sem nem saber para quê, sinto te informar mas você também tem um caso de verborragia. Eu não conheço tratamento mas, se conhecesse, não me trataria.
Como me tratar se é justamente minha verborragia que me faz manter - nesse mundo que adora reclamar, questionar e deslegitimar as nossas ações ou nossos sonhos - o mínimo de sanidade mental necessária para continuar vivendo.
E escrevendo.
Porque para escrever, meu bem, você só precisa escrever.
Concordo!
ResponderExcluirEscrever é quase uma terapia. Quase, não. É uma terapia.
Algumas vezes me peguei simplesmente escrevendo palavras soltas e isso me fez sentir tão melhor, ainda que ao ler depois eu ficasse pensando "o que eu quis dizer com isso, meu Deus?" hahahah
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Ooi Clara e Nina, tudo bom??
ResponderExcluirQue texto incrível, adoro escrever histórias elaboradas e que fogem do clichê mas adoro mais ainda simplesmente escrever, tirar tudo o que está me sufocando do peito,
Como a Kemmy disse é realmente uma terapia.
Beijoos,
Sétima Onda Literária